domingo, 31 de julho de 2016

Pode o Amor ser tão Cruel IV - Está Sol no Sul. Epílogo (Sting)





Pode o Amor ser tão Cruel IV?
(sms - 1º parte)
Sms 
1ª parte
“Está sol no sul. Um bom dia para ti e abraços mais logo. Beijo.”
- Guarda essas palavras no teu coração, mana.
- Em que outro sítio as poderia guardar?
- Não sei, tu tens de passar sempre tudo a limpo, tens de organizar tudo. Só sabes sentir com a cabeça!
- Estás a exagerar, eu sou só emoção, lamechice, coração, festinhas e abraços.
- Talvez, depois de passar tudo pelo crivo do teu coração. Deixa-te ir. Arrumarás as tuas “coisinhas” amanhã.
- Não percebeste nada. Há muito tempo que não recebia um sms assim.
- E tens deixado? Por acaso, lembraste dos conselhos que me deste?
- Sou muito má conselheira!
- Não me parece. Depois de escalpelizares tudo até ao mais ínfimo pormenor, depois de “processares” tudo, como tu gostas de dizer, depois da cabeça, dizes tu, arrumada, então sim, permites algumas tréguas a ti própria.
- Oh, mana, fazes de mim um monstro.
- E não és?
- Não, não sou. Sou normal, como toda a gente: ressentida, cautelosa, tu conheces-me muito bem. Às vezes, não tens razão.
- Eu só te disse para guardares as palavras no teu coração. E que tal o sexo? Suponho que ainda gostes de sexo, não?
- Parva!
- E que tal o sexo?
- É bom. Eu gosto. Gosto das mãos, mas conheço pouco.
- Vês?! Lá estás tu! Deixa tudo acontecer, deixa fluir. Deixa a tua cabeça em paz. Gostas das mãos aproveita as mãos, sem grandes teorias.
- Se pensas que te vou contar, estás muito enganada!
- Não precisas de me contar nada! Mas se quiseres sou boa ouvinte…
- Quando passa a palma da mão….
- Ficaste com os olhos a brilhar.
- Fiquei?
- Sim. Isso é bom. Já te disse: “guarda as palavras no teu coração”.
- Achas que ando com um sorriso estúpido na cara?
- Acho!
- Nota-se assim tanto?
- Nota-se. Não te preocupes.
- Como a história do pirilampo e da cobra?
- Exatamente.
- Quem sou eu?
- Como se tu não soubesses!? És o pirilampo, mas há poucas cobras à tua volta.
- Não sei se concordo contigo.
- Há poucas cobras, porque não sabem nada do teu brilho. Não lhes digas nada, se faz favor.
- Não, só falo contigo.
- Acho bem, afinal, já sou tua amiga -irmã há muitos desgostos.
- Desgostos de ambas.
- Sim, desgostos de ambas.
- Gargalhadas?!
- Também. As nossas gargalhadas incomodam muitas cobras…
- Ui! Achas que me ajeito com esta “coisa” da escrita?
- Acho. Sempre te disse isso, mas tu és muito preguiçosa.
- Não sou nada. Tenho a lucidez de quem já leu muitos livros!
- Pois. E és professora de Literatura e ensinas gramática e blá, blá, blá….
- Tens de arriscar. Faz de conta que é assim como uma relação amorosa.
- Ai, agora estragaste tudo: o exemplo da relação amorosa não é dos melhores. Dizes que eu amo com a cabeça!
- E amas.
- Então terei de escrever com a cabeça?!
- Geralmente é aí que tudo começa.
- Perdi o fio do teu raciocínio. Em que ficamos?
-É muito simples: amas com o corpo, com o coração e escreves com a cabeça.
- E o resultado será bom?
- Isso terás de ser tu a descobrir.
- Boa. Não sei por que é que estou para aqui a conversar contigo. Tu nem sequer és grande exemplo…
- O que não me impede de dar bons conselhos.
- Pois.
- Não consegues dizer mais nada?
- Não.
- Fiquei a pensar em corações, em abraços, em pele contra pele, em beijos….
- Pronto, já aí tens muito assunto para a tua escrita.
- E que faço à cabeça?
- Dói-te?
- Não gozes.
- Não estou a gozar. Queres que volte ao pirilampo e à borboleta, ou aos riscos que TENS de correr?
- Que é que faço aos sms e às cartas de amor? Nem sei se são de amor….
- Guarda-as no teu coração e, aqui e ali, podes usá-las na tua escrita.
- E isso não é desonesto?
- Não me parece. Com é que achas que fazem todos os escritores?
- Não sei, se calhar tens razão. Ninguém sabe da nossa vida, ninguém conhece a nossa vida como nós próprios.
- Aí tens. Estás à espera….
- Não estou à espera. Procuro um fio, uma linha…
- Fio? Linha? Falamos de escrita, não falamos de arrumações, nem de listas de compras.
- Então começo a escrever e depois logo se vê?!
- É um começo…
- Queres que te leia o outro sms?
- Não, não quero, mas tu vais lê-lo na mesma.
( os sms ficaram por ali o que não a impediu de  ver o sol a sul)



Sms  - 2ª Parte
Epílogo.
- Já decidiste como vais acabar a tua história?
- Não é minha, minha…é da minha cabeça, não sei: o que penso, o que oiço, o que vejo… .É igual a tantas outras.
- Pois. Eu sei, mas os sms, as conversas ao telefone…
- Cada vez mais curtas!
- E?
- Desisti da escrita!
 - Porque deixaste de receber sms, ou porque as conversas se tornaram cada mais curtas…ou talvez o sol tenha deixado de brilhar a sul?!!
- Estou a falar a sério. Olha lá, falaste na cobra e no pirilampo, a alguém?
- Eu?! Somos amigas-irmãs….
- Pronto, não te zangues!
- Então escreve, conta isso tudo!
- Isso tudo, o quê?
- As conversas mais curtas…
 - Mais espaçadas…. poucas palavras. Não recebo sms. Não, não é verdade! Recebi um, ontem
- Conta-me, vá, diz lá! Eu ajudo-te sobre a qualidade … da escrita. Tu sabes. Tudo o que fica marcado no coração, na pele.
- Foi assim: « Sabes, ando cansado, muito cansado, tenho muito trabalho. Às vezes deixo o telemóvel no carro. Tu conheces-me!»
- Também ele?! Era um sms diferente…
- Não, estas foram as palavras dele ao telefone
- E? Mais, conta mais!
- Não me parece só curiosidade pela qualidade da minha escrita, minha  menina !
- Continua. Tens aí muito assunto, desculpa. Estás triste?
- Estou. Perdi  o coração.
- Mana, o coração não se perde: parte-se! Às vezes para, mas só às vezes!
- Mas o sms …
- O sms?
- « Está sol no sul. Um bom dia para ti e abraços mais logo. Beijo Minha doce , Susana.”
- Agora, trata-te por Susana? Tens um pseudónimo?
-  …..
- Já percebi. Está no ponto. Começa a escrever antes que te esqueças ….
- Com a cabeça? Com o coração?
- Com a mágoa . Escreve um conto. Título : Está sol no sul. Um bom dia para ti e abraços mais logo. Beijo. Gostas? Toma lá  um lenço.
- E é só?
  - Sim, primeiro escreves, depois choras dois dias seguidos.
 - E depois espero pelo próximo…
- Pelo próximo?
- Desgosto amoroso, que te parece?
- Parece-me que não te faltará assunto!
- Com amigas como tu… desculpa, era um cliché!
- E a vida é feita de quê?
- Tens razão. Não contes a ninguém a história da cobra e do pirilampo. Por Favor!
- Até à próxima mágoa, aí está uma boa linha. Um fio.
- Para quê?
- .....

Pode o Amor ser tão Cruel IV - Está Sol no Sul. Epílogo (Sting)





Pode o Amor ser tão Cruel IV?
(sms - 1º parte)
Sms 
1ª parte
“Está sol no sul. Um bom dia para ti e abraços mais logo. Beijo.”
- Guarda essas palavras no teu coração, mana.
- Em que outro sítio as poderia guardar?
- Não sei, tu tens de passar sempre tudo a limpo, tens de organizar tudo. Só sabes sentir com a cabeça!
- Estás a exagerar, eu sou só emoção, lamechice, coração, festinhas e abraços.
- Talvez, depois de passar tudo pelo crivo do teu coração. Deixa-te ir. Arrumarás as tuas “coisinhas” amanhã.
- Não percebeste nada. Há muito tempo que não recebia um sms assim.
- E tens deixado? Por acaso, lembraste dos conselhos que me deste?
- Sou muito má conselheira!
- Não me parece. Depois de escalpelizares tudo até ao mais ínfimo pormenor, depois de “processares” tudo, como tu gostas de dizer, depois da cabeça, dizes tu, arrumada, então sim, permites algumas tréguas a ti própria.
- Oh, mana, fazes de mim um monstro.
- E não és?
- Não, não sou. Sou normal, como toda a gente: ressentida, cautelosa, tu conheces-me muito bem. Às vezes, não tens razão.
- Eu só te disse para guardares as palavras no teu coração. E que tal o sexo? Suponho que ainda gostes de sexo, não?
- Parva!
- E que tal o sexo?
- É bom. Eu gosto. Gosto das mãos, mas conheço pouco.
- Vês?! Lá estás tu! Deixa tudo acontecer, deixa fluir. Deixa a tua cabeça em paz. Gostas das mãos aproveita as mãos, sem grandes teorias.
- Se pensas que te vou contar, estás muito enganada!
- Não precisas de me contar nada! Mas se quiseres sou boa ouvinte…
- Quando passa a palma da mão….
- Ficaste com os olhos a brilhar.
- Fiquei?
- Sim. Isso é bom. Já te disse: “guarda as palavras no teu coração”.
- Achas que ando com um sorriso estúpido na cara?
- Acho!
- Nota-se assim tanto?
- Nota-se. Não te preocupes.
- Como a história do pirilampo e da cobra?
- Exatamente.
- Quem sou eu?
- Como se tu não soubesses!? És o pirilampo, mas há poucas cobras à tua volta.
- Não sei se concordo contigo.
- Há poucas cobras, porque não sabem nada do teu brilho. Não lhes digas nada, se faz favor.
- Não, só falo contigo.
- Acho bem, afinal, já sou tua amiga -irmã há muitos desgostos.
- Desgostos de ambas.
- Sim, desgostos de ambas.
- Gargalhadas?!
- Também. As nossas gargalhadas incomodam muitas cobras…
- Ui! Achas que me ajeito com esta “coisa” da escrita?
- Acho. Sempre te disse isso, mas tu és muito preguiçosa.
- Não sou nada. Tenho a lucidez de quem já leu muitos livros!
- Pois. E és professora de Literatura e ensinas gramática e blá, blá, blá….
- Tens de arriscar. Faz de conta que é assim como uma relação amorosa.
- Ai, agora estragaste tudo: o exemplo da relação amorosa não é dos melhores. Dizes que eu amo com a cabeça!
- E amas.
- Então terei de escrever com a cabeça?!
- Geralmente é aí que tudo começa.
- Perdi o fio do teu raciocínio. Em que ficamos?
-É muito simples: amas com o corpo, com o coração e escreves com a cabeça.
- E o resultado será bom?
- Isso terás de ser tu a descobrir.
- Boa. Não sei por que é que estou para aqui a conversar contigo. Tu nem sequer és grande exemplo…
- O que não me impede de dar bons conselhos.
- Pois.
- Não consegues dizer mais nada?
- Não.
- Fiquei a pensar em corações, em abraços, em pele contra pele, em beijos….
- Pronto, já aí tens muito assunto para a tua escrita.
- E que faço à cabeça?
- Dói-te?
- Não gozes.
- Não estou a gozar. Queres que volte ao pirilampo e à borboleta, ou aos riscos que TENS de correr?
- Que é que faço aos sms e às cartas de amor? Nem sei se são de amor….
- Guarda-as no teu coração e, aqui e ali, podes usá-las na tua escrita.
- E isso não é desonesto?
- Não me parece. Com é que achas que fazem todos os escritores?
- Não sei, se calhar tens razão. Ninguém sabe da nossa vida, ninguém conhece a nossa vida como nós próprios.
- Aí tens. Estás à espera….
- Não estou à espera. Procuro um fio, uma linha…
- Fio? Linha? Falamos de escrita, não falamos de arrumações, nem de listas de compras.
- Então começo a escrever e depois logo se vê?!
- É um começo…
- Queres que te leia o outro sms?
- Não, não quero, mas tu vais lê-lo na mesma.
(os sms ficaram por ali o que não a impediu de continuar a escrever e de ver o sol a sul)



Sms  - 2ª Parte
Epílogo.
- Já decidiste como vais acabar a tua história?
- Não é minha, minha…é da minha cabeça, não sei: o que penso, o que oiço, o que vejo… .É igual a tantas outras.
- Pois. Eu sei, mas os sms, as conversas ao telefone…
- Cada vez mais curtas!
- E?
- Desisti da escrita!
 - Porque deixaste de receber sms, ou porque as conversas se tornaram cada mais curtas…ou talvez o sol tenha deixado de brilhar a sul?!!
- Estou a falar a sério. Olha lá, falaste na cobra e no pirilampo, a alguém?
- Eu?! Somos amigas-irmãs….
- Pronto, não te zangues!
- Então escreve, conta isso tudo!
- Isso tudo, o quê?
- As conversas mais curtas…
 - Mais espaçadas…. poucas palavras. Não recebo sms. Não, não é verdade! Recebi um, ontem
- Conta-me, vá, diz lá! Eu ajudo-te sobre a qualidade … da escrita. Tu sabes. Tudo o que fica marcado no coração, na pele.
- Foi assim: « Sabes, ando cansado, muito cansado, tenho muito trabalho. Às vezes deixo o telemóvel no carro. Tu conheces-me!»
- Também ele?! Era um sms diferente…
- Não, estas foram as palavras dele ao telefone
- E? Mais, conta mais!
- Não me parece só curiosidade pela qualidade da minha escrita, minha  menina !
- Continua. Tens aí muito assunto, desculpa. Estás triste?
- Estou. Perdi  o coração.
- Mana, o coração não se perde: parte-se! Às vezes para, mas só às vezes!
- Mas o sms …
- O sms?
- « Está sol no sul. Um bom dia para ti e abraços mais logo. Beijo Minha doce , Susana.”
- Agora, trata-te por Susana? Tens um pseudónimo?
-  …..
- Já percebi. Está no ponto. Começa a escrever antes que te esqueças ….
- Com a cabeça? Com o coração?
- Com a mágoa . Escreve um conto. Título : Está sol no sul. Um bom dia para ti e abraços mais logo. Beijo. Gostas? Toma lá  um lenço.
- E é só?
  - Sim, primeiro escreves, depois choras dois dias seguidos.
 - E depois espero pelo próximo…
- Pelo próximo?
- Desgosto amoroso, que te parece?
- Parece-me que não te faltará assunto!
- Com amigas como tu… desculpa, era um cliché!
- E a vida é feita de quê?
- Tens razão. Não contes a ninguém a história da cobra e do pirilampo. Por Favor!
- Até à próxima mágoa, aí está uma boa linha. Um fio.
- Para quê?
- .....