sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Pensamentos profundos ou como fazer uma lista de supermercado é uma actividade muito tranquila. Com pouco vernáculo e banda sonora de outra era.





Pensamentos profundos ou como fazer uma lista de supermercado é uma actividade tranquila.
Com vernáculo, mas pouco.

( o feicebuque perguntou-me. "Em que estás a pensar?")
Estou a pensar em mil coisas, posso fazer uma lista, mas podia confundi-la com a lista das faltas e não me dá jeito nenhum trocar detergente para a loiça com emoções, estou a pensar, por exemplo que hoje é noite de lua cheia, estou a pensar que na segunda-feira conhecerei os meninos que ficarão comigo o ano todo, penso que estou a preparar um programa inteirinho de Literatura Portuguesa, penso que a partir de segunda-feira terei de anotar tudo na agenda, estou a pensar que terei de me deitar às onze da noite, estou a pensar que os livros têm de ser reorganizados, estou a pensar que verei os meus pais com menos frequência, estou a pensar num fim feliz para um conto e que eu só sei escrever "cenas assim a dar pró triste", estou a pensar que a música dos Radio Macau, que oiço neste momento, já não me faz abanar (devo estar muito crescida), estou a pensar que as minhas pernas tremerão nas primeiras aulas como sempre acontece há 35 anos (Irra, não perco o nervoso miudinho do início do ano lectivo!), estou a pensar, ainda, na conversa do Arturo Pérez-Reverte, estou a pensar que terei de tomar decisões importantes, tais como comprar uma máquina de lavar loiça ou um computador 'à maneira', estou a pensar que as trezentas e cinquenta e quatro consultas médicas que terei de marcar para mim e para os miúdos já deveriam ter sido marcadas (mãe relapsa que troca a praia pelos médicos, pois!), estou a pensar que precisarei de dias com trinta horas, estou a pensar que as minhas horas felizes de leitura e escrita terão de ser reduzidas a menos de metade, estou a pensar que o Outono está chegar (Viva o Outono!), estou a pensar em frivolidades, porque, na verdade, o que não me sai do pensamento é que o meu encantador caloiro de Direito está a partir de hoje a viver no outro lado da cidade. " Mãe, não fiques triste, a casa do pai é ao lado da minha faculdade (enfatizou a minha faculdade), e eu virei todas as semanas ao treino, aqui ao lado de casa.Então, Mãe, não me ensinaste que as asas servem para voar?!". E, agora, também fiquei a pensar: "Mãe, eu sei que tu não gostas, mas vou para as praxes". Viria a calhar, neste desabafo feicebuquiano, um verdadeiro e grande palavrão - puro vernáculo - mas eu prometi ser contida.
Vou continuar a pensar na melhor maneira de arrumar as gavetas, talvez rasgue papéis o resto da tarde. Pensamentos domésticos, sem grande metafísica!
Porra, José tens mesmo necessidade de ir às praxes???!!!!
Que coisa! Não foi para participar nestas merdas que te falei em asas e, pronto, lá se foi a contenção com o vernáculo!

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